domingo, 5 de março de 2017

A PUNIÇÃO PARA OS POBRES DO BRASIL

A PUNIÇÃO PARA OS POBRES DO BRASIL







Loïc Wacquant, sociólogo analisa o processo contemporâneo do desenvolvimento do capitalismo, principalmente nos Estados Unidos, mas com extensão a todo o mundo. Em condições nas quais o capitalismo gera mais desemprego do que emprego têm lugar a criminalização da pobreza e a passagem do Estado de Bem-Estar Social ao Estado Penal. Os serviços sociais perdem a função assistencial para transformar-se em instrumentos de vigilância e controle das novas "classes perigosas".


O trabalho de Wacquant desvela a nova missão histórica do sistema penal dirigida à "regulação da miséria e ao armazenamento dos refugos do mercado". Através do modelo estadunidense, ele analisa a prisão como substituto do gueto, bem como a relação de simbiose entre as duas instituições: o gueto como prisão social e a prisão como gueto judiciário. Este livro é fundamental para os que estão pensando a questão criminal relacionada à transformação do trabalho e as novas formas de marginalização.

As três maiores empresas que deram grandes lucros nas Bolsas de Valores dos Estados Unidos da América do Norte, foram a montadora de veículos GENERAL MOTORS - GM, a distribuidora de produtos WALMART e o Sistema Prisional Americano. Atualmente, devido a várias falhas no sistema prisional americano, o governo, decidiu estatizar os presídios. Os governantes e os representantes do nosso povo chegam às vezes a pensar, que se algo é bom para o Tio Sam, também é bom para o Brasil. O atual Presidente do Brasil Michel Temer acha que a melhor saída para as rebeliões que acontecem em nossos presídios, é a privatização, já existe até um Projeto de nº 513/2011, de autoria do senador Vicentinho Alves (PR-TO). O nosso Presidente, talvez para achar uma solução imediata, esqueceu-se de consultar os especialistas da área, os juristas, os sociólogos, psicólogos e a CNBB, para poder discutir e encontrar uma maneira mais digna e humana, onde se possam tratar todos os encarcerados, dando a cada um a oportunidade de voltar a ser um cidadão de bem, onde possa conviver novamente em sociedade, participando da vida política e social do seu país. Os nossos governantes e representantes tem que entenderem que ao privatizar um sistema prisional de um país, para aqueles que ganharem a concorrência de construir e administrar os presídios, o que interessa para eles é A MAIS-VALIA, ou seja, Grandes Lucros, e quanto mais lucros melhor, e um presídio com poucos presos, não dá os lucros que eles querem e que irão dividir com os corruptos, que farão de tudo para ganhar também um pedaço desse bolo.

Se a sociedade industrial europeia proletarizou os camponeses e impôs nas cidades a disciplina do trabalho, como pode impor agora a disciplina do desemprego? Quais são as técnicas de obediência obrigatória que podem funcionar contra as multidões crescentes que não têm e não terão emprego? No Brasil temos uma população de 30 milhões de desempregados. A resposta está na fabricação de medos tangíveis e na construção de um gigantesco sistema penais.

Loïc Wacquant se perguntava no hemisfério norte: "Para que serve finalmente, a prisão no século XXI?”.

Bauman denuncia que a pobreza não é mais exército de reserva de mão de obra, tomou-se uma pobreza sem destino, precisando ser isolada, neutralizada e destituída de poder.

Se as prisões do século XVIII e XIX foram projetadas como fábricas de disciplina, hoje são planejadas como fábricas de exclusão. "O que importa é que fiquem ali".



 Loïc Wacquant é sociólogo, professor da Universidade da Califórnia-Berkeley e do Centro de Sociologie Européenne du Collège de France. É autor de vários livros, entre os quais Os condenados da cidade - Um estudo sobre a marginalidade avançada e O mistério do Ministério - Pierre Bourdieu e a política democrática, ambos publicados pela Revan.

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