A PUNIÇÃO PARA OS POBRES DO BRASIL
Loïc Wacquant, sociólogo
analisa o processo contemporâneo do desenvolvimento do capitalismo, principalmente
nos Estados Unidos, mas com extensão a todo o mundo. Em condições nas quais o
capitalismo gera mais desemprego do que emprego têm lugar a criminalização da
pobreza e a passagem do Estado de Bem-Estar Social ao Estado Penal. Os serviços
sociais perdem a função assistencial para transformar-se em instrumentos de
vigilância e controle das novas "classes perigosas".
O trabalho de Wacquant
desvela a nova missão histórica do sistema penal dirigida à "regulação da
miséria e ao armazenamento dos refugos do mercado". Através do modelo
estadunidense, ele analisa a prisão como substituto do gueto, bem como a
relação de simbiose entre as duas instituições: o gueto como prisão social e a
prisão como gueto judiciário. Este livro é fundamental para os que estão
pensando a questão criminal relacionada à transformação do trabalho e as novas
formas de marginalização.
As três maiores empresas
que deram grandes lucros nas Bolsas de Valores dos Estados Unidos da América do
Norte, foram a montadora de veículos GENERAL MOTORS - GM, a distribuidora de
produtos WALMART e o Sistema Prisional Americano. Atualmente, devido a várias
falhas no sistema prisional americano, o governo, decidiu estatizar os presídios.
Os governantes e os representantes do nosso povo chegam às vezes a pensar, que
se algo é bom para o Tio Sam, também é bom para o Brasil. O atual Presidente do
Brasil Michel Temer acha que a melhor saída para as rebeliões que acontecem em
nossos presídios, é a privatização, já existe até um Projeto de nº 513/2011,
de autoria do senador Vicentinho
Alves (PR-TO). O nosso Presidente, talvez para achar uma solução imediata, esqueceu-se
de consultar os especialistas da área, os juristas, os sociólogos, psicólogos e
a CNBB, para poder discutir e encontrar uma maneira mais digna e humana, onde
se possam tratar todos os encarcerados, dando a cada um a oportunidade de voltar
a ser um cidadão de bem, onde possa conviver novamente em sociedade,
participando da vida política e social do seu país. Os nossos governantes e
representantes tem que entenderem que ao privatizar um sistema prisional de um
país, para aqueles que ganharem a concorrência de construir e administrar os presídios,
o que interessa para eles é A MAIS-VALIA, ou seja, Grandes Lucros, e quanto
mais lucros melhor, e um presídio com poucos presos, não dá os lucros que eles
querem e que irão dividir com os corruptos, que farão de tudo para ganhar
também um pedaço desse bolo.
Se a sociedade industrial europeia proletarizou os
camponeses e impôs nas cidades a disciplina do trabalho, como pode impor agora
a disciplina do desemprego? Quais são as técnicas de obediência obrigatória que
podem funcionar contra as multidões crescentes que não têm e não terão emprego?
No Brasil temos uma população de 30 milhões de desempregados. A resposta está
na fabricação de medos tangíveis e na construção de um gigantesco sistema
penais.
Loïc Wacquant se perguntava no hemisfério norte:
"Para que serve finalmente, a prisão no século XXI?”.
Bauman denuncia que a pobreza não é mais exército de
reserva de mão de obra, tomou-se uma pobreza sem destino, precisando ser
isolada, neutralizada e destituída de poder.
Se as prisões do século XVIII e XIX foram projetadas
como fábricas de disciplina, hoje são planejadas como fábricas de exclusão.
"O que importa é que fiquem ali".
Loïc
Wacquant é sociólogo, professor da Universidade da Califórnia-Berkeley e
do Centro de Sociologie Européenne du Collège de France. É autor de vários
livros, entre os quais Os
condenados da cidade - Um
estudo sobre a marginalidade avançada e O mistério do Ministério - Pierre
Bourdieu e a política democrática, ambos
publicados pela Revan.


Nenhum comentário:
Postar um comentário