Anacleto Tavares da Silva, maranhense, juntamente com seu irmão Alberto foi enviado para a Itália para combater o nazismo na Segunda Grande Guerra Mundial em 1944. Estava sempre a frente dos demais companheiros, pois conhecia o treinamento americano de entrar e sair do campo inimigo sem se arrastar como fazia os demais que tinham recebido treinamento francês. Vejamos o que diz o General Domingos Ventura Pinto Junior, Comandante da Companhia de Obuses 105 mm do 11º RI (Regimento Tiradentes), com a qual embarcou, no 1º escalão, para o Teatro de Operações da Itália, em 2 de julho de 1944. Foi pioneiro em comando de subunidade de Regimento de Infantaria guarnecida com obuses de 105 mm, tendo, por isso, permanecido como adido ao 3º Grupo de Obuses, Grupo Souza Carvalho, de março a julho de 1944, para fins de aprendizagem técnica e de emprego da Artilharia. Por determinação do General Zenóbio da Costa, o Capitão Ventura combateu, na guerra, com o 6º RI (Regimento Ipiranga).
— Bem, prossegui ao lado do Capitão Tavares, comandante da 2ª Companhia do I Batalhão. O Batalhão estava com a missão de atacar Bozzano e Massarosa, que eram as duas regiões mais importantes. Massarosa era um entroncamento de estradas, uma ia para o Mar Tirreno, na direção de Viareggio e a outra para San Lucas, a cidade de Lucas. Então, pedi ao Tenente Antorildo, no observatório, que, com sua carta, procurasse regular o tiro sobre Massarosa. Como estava claro, ele regulou o tiro para aquela região. O inimigo que se encontrava na área retraiu quando lá chegamos para substituir os dois batalhões americanos. O Capitão Tavares, comigo a seu lado – como procede o observador avançado na artilharia, apoiando todos os pelotões – era um sujeito meio audacioso, estava na frente mesmo. Permaneci ao lado dele, para atender a algum pedido de tiro. Se fosse o caso, ligaria para o Coelho Netto, na linha de fogo, ou para o Antorildo, no observatório. Cheguei a dar ordens para, enquanto não houvesse missão, desencadearem tiros de inquietação sobre Massarosa e Bozzano, porque era para lá que iríamos. No trajeto, ao chegarmos perto do Monte Comunale, recebemos tiros daquelas alturas, que ficavam a uns 800 metros de Bozzano. O Capitão Tavares, que já estava com a Companhia bem adaptada ao terreno, procurava movimentar-se sem ser visto. Nós ainda usávamos o método francês. Não vi o método americano na Itália, porque os nossos soldados, os meus e os das demais companhias de fuzileiros, eram das classes de 1942, 1943 e 1944. Essas três tiveram instrução de combate e serviço em campanha pela escola francesa. Para o ataque, usavam quatro perguntas: “Para onde vou?” “Por onde eu vou?” “Como vou?” “Quando vou?” Quatro perguntas capitais, consagradas. A progressão, aprendemos com o francês, deveria ser feita se arrastando no chão, sem levantar o calcanhar, para não levar tiro e morrer. Para se proteger do arrebentamento de granada, pois esta avisava com um sibilar característico, a gente sabia: deitar no chão, a fim de escapar do estilhaço. Foi essa a instrução que tivemos e foi com essa instrução que continuamos a guerra. Resumidamente, tudo que a minha Companhia aprendeu, aprendeu no Grupo Souza Carvalho, com o máximo de boa vontade, tanto da parte do Comandante de Bateria, quanto do Comandante do Grupo. O pessoal de nossa Companhia não sentiu qualquer diferença, até porque jamais tinha visto um canhão, nem mesmo em retrato. Foi ver no Capistrano e, depois, quando chegou em Vada, Tarquinia, ao recebermos o material. Só conhecemos o obus 105 na Itália. Antigamente era o 75. Estudei com o 75. Quanto ao armamento de infantaria, tínhamos o fuzil Mauser 1908, de repetição. O fuzil americano era o Garand, automático. Para atirar era só apertar o gatilho. Interessava, em termos de armamento, saber atirar, desmontar e fazer a manutenção simples.
O Major João Carlos Gross, Comandante do I / 6º RI, chamou-me: “Ventura!” Aí, desci as escadas, e ele me disse: “O Tavares quer falar com você.” Coloquei o fone no ouvido, música tocando, falei: “Tavares, o que é você está escutando música? E o alemão?” Ele respondeu: “O alemão não é de nada”.
O General de Divisão Anacleto Tavares da Silva estudou no Colégio Militar de Fortaleza – Ceará, Turma de 1921.
Anacleto sempre se destacou onde passou, em João Pessoa no Estado da Paraíba, como Coronel foi Comandante Geral da Policia Militar, de 18/12/1942 a 21/09/1942. Na sua gestão, visou o levantamento do nível moral e intelectual da corporação, enquanto o preparo técnico do pessoal recebe atenções especiais. Foram instituídos cursos de aperfeiçoamento e preparação para oficiais e não oficiais. Criou o primeiro CFO (Curso de Aperfeiçoamento para Oficiais em 1942). Por sua iniciativa foi realizada uma série de palestras de sentido nacionalista, Reflexão da Guerra, sobre o anti-nazismo. A primeira dessas palestras de combate ao nazismo e condenação a todos os processos de violência adotados pelos países totalitários foi pronunciada pelo Jornalista José Newton Nogueira, figura destacada nos meios intelectuais da Paraíba, falou para a oficialidade e praças da Força Policial, o tema da sua palestra, com brilho e originalidade de pensamento, mostrando o perigo da tirania nazista e advertindo o espírito do povo, para a tarefa desagregadora.
Em 19 de março de 1937, entrou para a Ação Integralista em São Luis do Maranhão, cujo lema era: Deus, Pátria e Família.
Pelo Decreto de 24 de novembro de 1944 teve sua transferência do Quadro “QA”: Coronel para o Quadro Ordinário da Arma de Infantaria.
Foi nomeado pelo Presidente Getúlio Vargas em 09 de março de 1953, assessor do Ministro do Exército Ciro do Espírito Santo Cardoso.
Foi Comandante por duas vezes do 24º Batalhão de Caçadores em São Luis do Maranhão, primeiro como Tenente Coronel no período de 09 de agosto de 1950 a 12 de fevereiro de 1953, e depois como Coronel no período de 31 de dezembro de 1954 a 03 de março de 1961.
Condecorações:
– Medalha de Guerra – Decretos de 29 de novembro de 1946. (Criada pelo Decreto-Lei nº 6.795 de 17 de agosto de 1944 aos oficiais da ativa e reseva do Exército Brasileiro).
– Medalha do Pacificador – Portaria nº 139 de 23 de fevereiro de 1954, o Ministro de Estado dos Negócios da Guerra, de acordo com a Portaria nº 345, de 25 de agosto de 1953, resolve conceder a Medalha do Pacificador as pessoas abaixo relacionadas: Coronel Anacleto Tavares da Silva.
– Medalha de Ouro (em 23 de março de 1955) Como Coronel de Infantaria, por contar mais de trinta anos de serviço, nas condições exigidas.
O General Anacleto Tavares da Silva, já não está em nosso meio, partiu para os Os Campos Elísios (em grego: Ἠλύσιον πέδιον, transl.: Ēlýsion pédion) é o paraíso grego, para os homens virtuosos repousarem dignamente após a morte, rodeados por paisagens verdes e floridas, dançando e se divertindo noite e dia. Neste lugar, só entram as almas dos heróis, santos, sacerdotes, poetas e deuses. As pessoas que residem nos Campos Elísios têm a oportunidade de regressar ao mundo dos vivos, coisa que só alguns conseguem.


Gostaria de saber a data de falecimento do Gen ANACLETO TAVARES DA SILVA, obrigado! Erealdo
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