Este é o título de uma obra literária que, possivelmente escrita no século XVII e pelo Padre Antônio Vieira, é mais atual para o Brasil que todas as crônicas atuais acerca do desvio de verbas do domínio público e que, na realidade, acaba sendo do domínio particular.
Petrônio, que viveu na época do Império Romano e de Nero, deu-nos uma prática radiografia da corrupção “Dinheiro queima mão e corrompe coração. Onde o dinheiro é todo-poderoso, de que servem as leis?”
Consta da crônica da antiguidade e da medieval que uma das mais nobres artes é a de furtar com nobreza. Os antigos já diziam que, “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é bobo ou não entende de arte”, complementando com esta tirada, “Quem não rouba ou não herda, enrica é merda”. Sim, entre os misteres e ministérios da arte do Mestrado e Doutorado, este, o de furtar, requer um tirocínio mais espinhoso, porque requer saber convencer a todas as sabedorias, passando sobre elas. Porém é o mais compensador, quando bem sucedido. Ressalte-se que no Mundo só há uma pequena elite desses grandes ladrões que por força do oficio, se tornam, queiram ou não, oficiais e tão populares que se fazem passar por filantropos, conseguindo alguns compensar a corrupção financiando as artes, o folclore, a educação, os esportes, o atletismo e até a saúde pública. Este é um filme que os magnatas do cartel de Medellin já exibiram. O narcotráfico tem verdadeiros deuses populares do Rio de Janeiro, nas favelas a outros rincões da América Latina e da Europa.
A obra A Arte de Furtar, de autor anônimo, tem um capítulo intitulado “DOS QUE FURTAM COM UNHAS POLITICAS”,   que não só comprova que a arte de roubar é antiga, como também reafirma o poder da profecia. É válido transcrevermos  alguns trechos,
“Este reino é meu e está província é o menos de que se rata (…) A citação se refere aos que, por estarem no Poder, pensam que o patrimônio público é para usufruto e não do Povo. (Albérico Carneiro)
(Publicado em São Luís do Maranhão no dia 22 de novembro de 1992 – domingo)